O Ateliê Terra Cozida localiza-se no bairro do Rio Vermelho, num cantinho da rua Caetité, perto do borborinho do bairro mais boêmio de Salvador.
No Ateliê, utiliza-se a modelagem com argila, em aulas, durante toda a semana sempre em horário comercial das 9 às 17 horas, onde a criatividade reina na criação de peças sob a orientação da artista plástica Dalva Bomfim, com especialização em Neuropsicologia, utiliza técnicas individuais de trabalho baseados em estudos e apostando na neuroplasticidade cerebral. Desenvolveu a metodologia especial, para trabalhar a transformação pessoal, partindo da valorização do ser humano. Essa métodologia, deu origem a uma produção de peças artesanais onde seus alunos especiais tem participação importante. Essa produção cresce a cada dia e se espande. Para o grupo tornou-se rotina todo final de ano, tomam espaços nas Feiras de Artes ou abastecem o mercado turistico em Salvador. Nesse grupo de trabalho, podem se inserir estão todas as pessoas, que chegaram no Ateliê na busca da arte como terapia e sentido para a vida. Todos são acolhidos, podem ser com necessidades especiais ou não. Trabalham lado a lado, interagem numa mistura saudável, onde as diferenças não atrapalham e enriquecem ainda mais a criatividade, a amizade e o bom relacionamento do grupo.
A busca de Dalva Bomfim, pelos objetivos da arte como sentido da sua vida, teve início nas figuras humanas com desenhos, pinturas, depois esculturas, retratando sempre expressões fortes no contextos sociais, figuras tiradas de moradores da rua, trabalhadores da construção civil, camponeses, sempre utilizadas como denúncia da insegurança e vulnerabilidade.
Seguindo por esse caminho, procurava o sentido da verdadeira arte.
E se perguntava: porque modelar? Qual o sentido de toda dessa herança artística?
Os caminhos e as alternativas, vivenciadas ao longo da vida eram apenas produzir, mostrar, produzir, mostrar ?... Era muito pouco, e essa rotina não a preenchia como ser humano, como parte da história na humanidade.
Os caminhos e as alternativas, vivenciadas ao longo da vida eram apenas produzir, mostrar, produzir, mostrar ?... Era muito pouco, e essa rotina não a preenchia como ser humano, como parte da história na humanidade.
Nas esculturas, as figuras pareciam estar vivas e remetia o querer algo mais que o barro pudesse lhe dar. Não um nome conhecido, a fama, o glamour, obras valiosas, como todo artista deseja e tem como meta. Recolhida, em seu Ateliê, trabalhando compulsivamente, eis que chegam os primeiros alunos especiais. Ela então, descobre a real clareza do sentido da "sua arte", com a ferramenta poderosa, a argila.
Ela começa a modelar gente...
As pessoas, foram chegando devagar, uma depois a outra, e assim, sucessivamente, e ela, modelando gente de carne e osso, utilizando o barro!
Ela começa a modelar gente...
As pessoas, foram chegando devagar, uma depois a outra, e assim, sucessivamente, e ela, modelando gente de carne e osso, utilizando o barro!
Essas não sabiam o papel que representavam na vida da artista, nem porque estavam ali. Algumas, nem sabiam se estavam vivas... Pessoas que precisavam ser modeladas. Gente que se achava "bicho".
Alguém lhe disse confidenciando: "Eu pensava que eu era um bicho".
Quem já imaginou alguém se sentindo um "bicho"?.
Era preciso mudar aquelas pessoas e suas realidades. Viviam, fora da sociedade, sem amigos. Eram evitadas na convivência até da própria família, porque tinham um comportamento diferente, pelo aspecto físico, abatia, depressão ou ansiedade ...
Foram sendo moldadas uma a uma, em "todas" as suas necessidades ...
Quem já imaginou alguém se sentindo um "bicho"?.
Era preciso mudar aquelas pessoas e suas realidades. Viviam, fora da sociedade, sem amigos. Eram evitadas na convivência até da própria família, porque tinham um comportamento diferente, pelo aspecto físico, abatia, depressão ou ansiedade ...
Foram sendo moldadas uma a uma, em "todas" as suas necessidades ...
A resposta veio rápido e positivamente. Começaram a trilhar um caminho cada vez mais amplo em suas vidas, com seus aprendizados, iniciando, o espetáculo da vida, para uma platéia que acompanha esse progresso, muitas vezes com espanto ou surpresa. E muitos batem palmas, outros não entendem ... O mais importante, as pessoas começam a perceber aquele indivíduo, que não conheciam. Esses indivíduos surpreendem de diversas formas, modificados, exibem-se. Falamos "indivíduos", porque, se tornaram peças que completam o jogo do quebra-cabeça da sociedade. Tomam o seu lugar, conhecem deveres e direitos. Pensam, determinam, aprendem e também respeitam. A pergunta é: porque antes, algumas dessas pessoas não faziam absolutamente nada? Onde estavam essas pessoas? A resposta deve ser: estas pessoas que hoje existem, estavam escondidas por trás de uma casca imposta, que lhes tirava o direito à vida.
Esse é o verdadeiro sentido da arte: a transformação de seres em "humanos".
Nenhum comentário:
Postar um comentário